sábado, 7 de dezembro de 2013

Em seu percalço



Percorri infindáveis caminhos,
mas nenhum me levou até você.
A imensidão do mundo
fez-se pequena perante minha determinação.
Mil sóis, desertos escaldantes,
presentearam-me rasgando com rugas 
a pele que não me deixa mentir
e muito menos sequer esquecer este suado percurso.
Os céus testemunharam a incessante busca
e por vezes se comoviam, derramando lágrimas,
ajudando a apagar as pistas que me guiassem até sua alma.
Mares foram desbravados à sua procura,
montanhas movidas,
obstáculos transpostos à custa de sangue,
contudo, para cada muro derrubado
outro surgia em seu lugar.
Pessoas, tentando me ludibriar de minha missão,
com falsos dizeres sobre sua ausência,
me taxando de louco,
não se dando conta que tomei uma direção incontornável,
e necessária,
para mim.
Afoguei-me em bebidas,
que só provaram do insucesso
em entorpecer meu objetivo, em tentarem desviar do meu propósito:
você.
Não me entreguei à morte,
perambulava entre as sombras,
os que me conheciam já me declaravam morto.
E no final do túnel não encontrei a luz,
apenas as trevas;
minha vida transformara-se em um eterno labirinto!
O restante de minha vida
(se é que tive alguma após sua partida)
foi doada a essa odisseia. 
Quando descobri a verdade,
já era tarde...
nunca me abandonou,
pelo contrário,
sempre estivera aqui,
junto de mim.


Franco 07/12/2013

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sonho



No fértil terreno de seu couro capilar, unhas feitas rastelos de seda, meticulosamente,
aram obstinadas semeando um sonho: sonho feito de mel; sabor de céu!
Germinando do toque entre as partes carnudas e salientes de nossas faces,
fruto da maciez das maçãs coradas, de seu liso rosto rosado, um sorriso tímido,
porém sincero, brota em seu semblante, tornando-o ainda mais lindo.

Pelos de meu peito roçam, massageando, maliciosamente suas costas.
Minhas coxas, quão a dorme-dorme, se encolhem no contato às suas.
Meu braço, ao forte abraço, se dobra envolto ao seu.
Um eu que já é teu.
Você que já é minha.
Um nós!

Professando o entrelaçado da minha mão ao seu corpo desnudo, o afago
que como a água se embrenha no solo, de teu seio,
se ramificando no deslize dos meus dedos, distribuídos generosamente em seu corpo.
Adaptando-se ao calor dessa terra convidativa e gentil, escorro meus lábios
que derretem na sua sinuosidade: em cada curva, em cada detalhe, capricho total
e como em um passe de mágica: abracadabra!

O sonho cultivado por mim vinga também naquele que planta,
que como uma criança, cá também sonha acordado; fazendo deste, realidade.
Realidade deitada ditosa em nossa cama, que agora soberba sonha.
Ah! Este sonho que sonha, que encanta... sem preocupação,
sem ciência do que se passa, neste breve e eterno momento, que se fez meu.

Dionísio da Silva   26/04/2013