segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Niilismo

No divagar do pensamento,
madrugada adentro, 
rios de sentidos escorrem entre os dedos,
pingando vácuos de existência.
Questionamentos, sem fim, imperam sobre a luz.

Érebo, liberto das profundezas de Aqueronte; 
o gigante doravante triunfa desperto,
resilindo sentido, coerência, lógica, 
extraindo de suas entranhas significados, que,
alados, voam distantes.

Ao tardar, Hipnos presenteia-nos: 
olhos de chumbo.
A consciência perde valor.
Ícelo abona-nos com sua razão e o onírico, 
mais uma vez, dilacera todo caderno de certezas. 
O conhecimento de outrora, com ares de epopeia,
liquefaz-se em histórias esquecidas de proezas, 
repletas de incertezas e toneladas de vaguidão.

Vigilante, deambulando 
as casas, os prédios, os morros e vales
perdem as cores, os sabores e os odores.
Faz-se o tédio.
Do triunfo de Érebo,
com a queda do Olimpo,
se apaga a chama da existência (e a necessidade?) dos Deuses.

Da verdade: apenas restou o eco.
Da moral: seus defensores oportunistas.
Das convenções: um futuro incerto.
Do fundamento: ruínas.

Da finalidade: deu-se um fim.

Ser...
seria possível?
não ser...
o nulo doentio?
O desejo do nada?
Do vazio?
O
                                                 
Dionísio da Silva 13/09/2014