sexta-feira, 15 de junho de 2012

Deleite




Sou fogo, suor, sangue, vinho: dos erros o mais nobre...
Não sou fogo o qual se brinque, suor a que se vanglorie, sangue que se prove e nem vinho que... se beba.
Adjunto a mim a vida se amarga quando menos se aperceba;
E quanto mais se afaste, a sede de dor cada vez mais lhe consome...

Corroo à minha volta pelo simples enlace do destino, singelo como um suspiro;
Tão logo as mesmas incorrerem no infortúnio de compartilhar o ar que respiro.
Ídolos? Desabam com minha presença não onisciente, não obstante traga o despertar,
Sou a visão dos cegos em um mundo onde todos possuem olhos, mas que não conseguem enxergar...

A crença já não se reduz somente a uma palavra vaga, sem sentido (um atavio).
Todavia, assim como transformada da água para o vinho,
Deixada de ser o alimento dos avarentos, dos fracos, 
Ainda serve de inebriante para os fortes, os fazendo sorrir com desdém e alvedrio...

Aqui de cima, os ares são mais revitalizadores, o odor compraz o mais crítico dos olfatos.
Um trono – um rei soberano – esbaldando-se em risos de seus parvos beatos...
Alacridade mórbida perante os reminiscentes sintomas de humanidade,
De algo que um dia fora conhecido pelo nome de racionalidade!

Dionísio da Silva (2011)

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